“A felicidade é um bem público, mesmo que sentida subjetivamente. Portanto ela não pode ser deixada exclusivamente a cargo de dispositivos e esforços privados. Se o planejamento governamental e, portanto, as condições macroeconômicas forem adversas à felicidade, este planejamento fracassará, enquanto uma meta coletiva.”

Dasho Karma Ura, Centro de Estudos de Felicidade, Kingdom of Bhutan.

O que são Cidades Felizes?

Os estudos no campo da felicidade vêm ganhando notoriedade desde os anos 2000, com esforços para a criação de indicadores capazes de captar e de medir o conceito, de forma tangível. Na busca de respostas e de métricas explicativas, pesquisas realizadas em meados de 1960, criam nos Estados Unidos um indicador que pudesse aferir o bem-estar da população – os indicadores sociais, na forma de uma base estatística para medir os resultados das políticas sociais, ambientais e de desenvolvimento econômico.

Nesse contexto, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi criado em 1972, no Reino do Bhutan, um pequeno país na região do Himalaia, o índice de Felicidade Interna Bruta (FIB). Este índice indica que o cálculo da “riqueza” deve considerar outros aspectos além do desenvolvimento econômico, como a conservação do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas.

A busca pela felicidade decorre da necessidade de melhorar a qualidade de vida dos habitantes de uma cidade, mas aceitando que esse conceito vai além do aspecto puramente material, podendo abranger outras facetas da vida, essenciais para o desenvolvimento e o bem-estar integral das pessoas.

Trata-se de um novo conceito de desenvolvimento, onde o município deve incorporar a cooperação nas práticas da gestão municipal, promovendo, incentivando e apoiando qualquer instância de mudança proposta pelos cidadãos, desde que signifique benefício para todos .

É uma forma de gestão em que as relações, afetos, espiritualidade e cooperação humana são pilares importantes, pois servem como ferramentas para alcançar um estado de bem-estar e, portanto, felicidade. Essa visão pode ser compreendida no esquema apresentado a seguir:

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: Ponto de partida das iniciativas, mas que responde à indagação do «por que» e não do «o que» fazer, evitando que se torne o objetivo ou a finalidade da gestão, quando deve ser a causa primária de toda a estratégia, voltada para alcançar os dois outros eixos estruturadores.

​DESENVOLVIMENTO URBANO: Agentes públicos, servidores e sociedade em geral, construindo um novo modelo de cidade, fundamentada na prosperidade do ser humano como eixo central de todas as iniciativas.

DESENVOLVIMENTO SOCIAL: Objetivo final da boa gestão pública, acreditando que a sua realização produzirá um círculo virtuoso renovado de forma permanente em uma espiral de benefício para todos.

Dimensões da FIB

A Felicidade Interna Bruta se apresenta em 9 dimensões que são consideradas de forma sistêmica e visam medir os seguintes aspectos do ser humano:

Governança

Analisa a percepção sobre as lideranças e como elas lidam com as suas atribuições, o nível de envolvimento e interatividade das pessoas e outros aspectos que impactam no ambiente organizacional

Saúde

São medidos padrões de comportamento arriscados, frequência dos exercícios físicos, regime de sono e hábitos alimentares, entre outros.

Uso do tempo

É um dos pilares mais importantes. Mede a divisão que cada um faz do cotidiano. Entra no cálculo desde o tempo dedicado às atividades educativas e de lazer até as horas perdidas no trânsito.

Educação

Além de medir o estudo formal e informal avalia o envolvimento na educação dos filhos e os valores passados. Valoriza a educação que vai além da acadêmica e avança sobre a consciência ambiental.

Vitalidade comunitária

Examina a sensação de acolhimento, a vitalidade dos relacionamentos afetivos, a segurança em casa e na comunidade e a prática de voluntariado. Uma vida comunitária ativa fortalece os laços e  ajuda a resistir às crises.

Cultura

Avalia a participação em eventos culturais e as oportunidades de desenvolvimento das capacidades artísticas. Discriminação por religião, raça ou gênero entra nessa conta.

Meio ambiente

Mede a percepção da qualidade dos recursos naturais, além do acesso às áreas verdes e o papel que pode ser exercido pelas organizações

Padrão de vida

Avalia a renda, a segurança financeira e a percepção sobre endividamento. Mede a qualidade das aquisições, do tipo de casa ao alimento. Gastos com lazer também são levados em conta

Bem-estar psicológico

Avalia a satisfação e o otimismo em relação à própria vida. Indicadores analisam a autoestima, percepção de competência, stress e atividades espirituais

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